sexta-feira, 15 de março de 2024

PRESIDENTES, DEMITAM-SE!

 1 - Quando o demissionário primeiro ministro apresentou o respectivo pedido ao Presidente da Republica propôs a sua substituição por outro elemento do seu partido, já que detinha a maioria absoluta no Parlamento, proposta essa que foi rejeitada.

À pala disso, o Presidente da Republica convocou o concelho de Estado pensando que nele encontraria uma solução consensual entre os concelheiros o que não aconteceu, pelo contrário, houve um empate, ficando a solução à responsabilidade individual do Presidente.

Não podemos nem devemos omitir que o Presidente foi presidente do Partido dito social democrata e que provavelmente ainda estará filiado naquele partido.

Acreditava o Presidente, contrariamente às projecções naquela data, que o seu partido de sempre poderia ganhara as eleições, ainda que sem maioria absoluta ou seja, de acordo com as projecções o País poderia ficar ingovernável.

2 - As eleições, das quais ainda não se sabe o resultado final posto que faltam apurar os resultados da diaspora, podem determinar a vitória de PSD, reforçando-o ou do PS. De qualquer das formas nenhum dos dois está em condições de ter uma maioria parlamentar estavel.

No ultimo dia da campanha, interferindo na campanha, o Presidente num texto de um conhecido grupo de média, veio dizer que não daria posse a um governo com a participação da força politica que se apresenta em terceiro lugar e que serve de pendulo para uma maioria absoluta.

Ao tomar tal posição, o Presidente, na prática veio dar uma indicação de não votar naquela força politica. Essa é a realidade!

3 - Entretanto começou o dialogo com os partidos que vão compor o parlamento, sem saber quem vai ganhar as eleições e como tal indicar o futuro primeiro ministro.

É o mesmo que estar a dizer que só pode ser o PSD. Mas e se o ganhador for o PS?

Perante este cenário, pode dizer-se que o protagonista e responsavel pela actual crise é o Presidente da Republica, não só por tomar uma opção sem suporte que lhe permitisse assegurar a governação e estabilidade do País, razão pela qual deveria DEMITIR-SE.

4 - Por outro lado, e no que respeita à região algarvia, assistimos ás declarações do Presidente da Amal e da Câmara Municipal de Olhão, e que pode ser vista em https://cnnportugal.iol.pt/videos/no-algarve-houve-uma-transferencia-quase-total-de-votos-para-um-partido-que-diz-tudo-promete-tudo-mas-nao-teve-ainda-a-dificuldade-de-governar/65f0a4a50cf23360556e9c1d.

Nestas imagens verificamos que, descartada a possibilidade de um lugar no futuro executivo, o presidente da AMAL cospe no prato que lhe deu de comer durante estes anos, quando vem criticar o governo do seu partido por não ter feito as obras que ele entende permitiam obter outro resultado. Então porque não o disse em campanha eleitoral? Estava com receio de ser descartado?

Mas também fala de situações como a dependencia do turismo, dos baixo salarios nele praticados e da sazonalidade do sector, quando desde que tomou posse não tem feito outra coisa que não a promoção do sector.

De acordo com as suas declarações, e como responsavel pela degradação social que a região e o concelho atravessam, deveria também ele DEMITIR-SE!

5 - Se os eleitores mostraram o seu protesto através do voto, tal deve-se à degradação do bem estar social. As pessoas não ganham para pagar as rendas habitacionais que são exigidas, induzindo ao despejo de grandes quantidades de familias e que hoje não têm um tecto para se abrigar!

O aumento das margens de lucro que geraram um processo inflacionário que levou a que as pessoas não tenham capacidade de consumo e como tal a passar fome!

Esse é o grande problema e a responsabilidade é das elites politicas e por isso mesmo deviam ser DEMITIDOS.

6 - Está na hora de as pessoas se organizarem e exigirem os seus direitos constitucionais. Não as pessoas que têm de ter medo mas sim a classe politica. Se o Povo explorado sair à rua e lutar por melhores condições de vida os politicos vão tremer,

LUTEM, PORQUE SEM LUTA NÃO HÁ VITÓRIA!

terça-feira, 5 de março de 2024

FIM DO ESTADO SOCIAL?

1- Com o desmoronamento do bloco de Leste, o ocidente decretou o fim das ideologias, mantendo a dominante de acordo com os seus interesses, o liberalismo económico.

O liberalismo económico é baseado na organização da economia em linhas individuais, rejeitando a intervenção do Estado, pelo que a maioria das decisões económicas são tomadas pelas empresas

"A geração da riqueza está no trabalho sem ter o Estado como regulador ou interventor cabendo ao Estado o papel de manter a ordem e proteger os direitos individuais dos agentes económicos".

Defende a redução de impostos como medida para incentivar o crescimento económico e estimular o investimento.

A privatização serviria para transferir sectores económicos do Estado para a iniciativa privada. 

A flexibilização das leis laborais, sendo, os sindicatos, vistos como um um obstaculo àquela flexibilização e à eficiência do mercado de trabalho.

2- Ainda que de forma sintética, acima, damos a conhecer no que assenta a ideologia dominante e tão defendida pelo chamado Ocidente. Vejamos agora o que se tem passado neste País a partir do momento em que adoptou tal ideologia.

Desde logo, como forma de destruir o poder dos sindicatos e da organização dos trabalhadores, os partidos do arco da governação, criaram uma central sindical serventuária dos seus interesses bem como dos agentes económicos.

Embora reconheçam que é com o trabalho que se cria a riqueza, omitem que o investimento cria o trabalho mas que para isso são necessários trabalhadores. A protecção, segundo eles é para os agentes económicos e não para os trabalhadores, os quais devem ser reprimidos se estiverem contra os interesses desta forma protegidos.

Entretanto assistimos à transferência de empresas detidas pelo Estado para o sector privado quando essas empresas eram essenciais para a economia do País. Basta lembrar casos como o da EDP ou da TAP, a banca e seguros, cimenteiras e a metalurgia pesada.

A aprovação do Código do trabalho, a substituição da livre negociação da contratação colectiva pela chamada concertação social, onde a tal central sindical criada pelo poder politico cumpre o papel de lacaio do patronato enquanto a outra é convidada a participar para legitimar os objectivos contrários aos interesses dos trabalhadores.

3- As privatizações não se ficam por aí, aguardando que os privados que tenham capacidade para tomar conta de sectores ainda na posse do Estado. E aí vemos, a função social do Estado contida na Constituição, ser objecto da gula e ganância do sector privado com o poder politico a dar uma ajuda. Veja-se o exemplo da saúde, com falta de investimento em recurso de todo o tipo, levando os doentes a tratarem-se em serviços privados; a segurança social e os planos de reforma para alimentar a banca ou a habitação.

A comunicação social com todos os seus "especialistas" não faz mais do que induzir as pessoas em erro, desinformando. A iliterarcia politica leva a que as pessoas acreditem naquilo que os midia lhes vendem, aceitando como verdade aquilo que lhes é apresentado.

Para completar, o proprio sistema se encarregou de criar a Inteligência Artificial, a qual vai criar cada vez mais desemprego e mais desinformação ou não fosse ela dominada pelos enormes interesses económicos.

É o capitalismo no seu auge mas isso só acontece enquanto as pessoas não perceberem o logro para onde são conduzidas.

O Poder não se ganha, TOMA-SE!


segunda-feira, 4 de março de 2024

CORRUPÇÃO, O CANCRO DAS SOCIEDADES!

 Porque estamos a dias das eleições, não vamos nestes dias escrever sobre assuntos concretos, mas antes tentar esclarecer os nossos leitores sobre alguns discursos porque a iliterarcia politica é nota dominante  na campanha.

A corrupção e os crimes que lhes estão associados são transversais a todo o tipo de sociedades, democráticas e antidemocráticas. Ela existe tanto no sector publico como no privado, embora desta pouco ou nada se fale. Lembramos a propósito que existe a espionagem industrial e comercial assim como o pagamento de subornos para obter informação sobre um novo produto, uma nova formula ou uma nova embalagem.

Quando se tenta apresentar qualquer partido como potencial centro de corrupção, estamos a cometer um erro, já que se trata de um reflexo da sociedade em que vivemos, com origem nos interesses económicos ou patrimoniais.

Claro que são os partidos que exercem o poder, seja a que nivel for, os mais atingidos porque são também eles que têm o poder de decisão sobre decisões administrativas que vão ao encontro dos interesses dos corruptores.

É, particularmente. no ordenamento e no urbanismo que se centram as grandes questões embora seja possivel encontra-las na informação prévia de alguns concursos publicos para obras de grande envergadura. Isto sem esquecer as questões ambientais, as alterações avulsas de planos de gestão territorial para alterar o uso dos solos e da capacidade de construção.

Onde é que vimos isto?

São os partidos do arco do poder os principais responsaveis pelo que temos vindo a assistir. Não basta declarar, como têm feito, "à justiça o que é da justiça, à politica o que é da politica". Competia a esses partidos, sempre que algum dos seus fosse indiciado, suspende-lo de funções ou levar os visados a pedirem a exoneração dos cargos.

A falta de transparência, a opacidade das decisões, aliada a uma informação deficiente não permite ao comum dos cidadãos ter uma percepção imediata do alcance das decisões e menos ainda como combate-la.

A tudo isto se juntam ainda as alterações legislativas que permitem transformar o que antes era proibido em algo que se enquadre na legislação entretanto alterada ou aprovada.

Não basta fazer grandes declarações de combate à corrupção sem falar no edifico legislativo, porque tal como está é quase impossivel prova-la.

Votem bem! 

sexta-feira, 1 de março de 2024

OLHÃO: SERÁ UMA NOVA "ALFAIATARIA"?

 

Na página do Facebook da Ambiolhão,EM encontrámos esta oferta de trabalho que nos deixa intrigados. É que, de entre outros, um dos requisitos obrigatórios é o 9º ano de escolaridade, embora de entre os requisitos preferenciais se diga habilitações literárias iguais ou superiores ao 12º ano de escolaridade.
Ainda que não seja afirmativa, a verdade é que com tais condições se está a abrir a porta para a contratação de alguém com o 9º ano.
Acontece que, de acordo com o DL 85/2009, a escolaridade minima obrigatória é o 12ª ano ou, se tiver atingido a idade de 18 anos. Ou seja, o aluno que atingiu os 18 anos sem ter completado o 12º ano era porque não apresentava aproveitamento suficiente, mal se percebendo como pode concorrer a esta oferta de trabalho, isto sem pôr em causa o direito ao trabalho.
Nestas situações, costuma o Povo dizer que pode estar a ser feito um "fato por medida", mas que saibamos a Ambiolhão é a empresa municipal de ambiente e não uma "alfaiataria"?
Para que o anuncio estivesse correcto, teria de mencionar que o candidato poderia efectivamente o 9º ano desde que nascido antes de 1990, altura em que a escolaridade minima obrigatória era aquela. Mas não é isso que se diz.
Não podemos omitir que até para o lugar de assistente operacional, vulgo varredor, é exigido o 12º ano, pelo que ficamos pasmados quando para exercer este lugar administrativo se exija apenas o 9º ano.
Mas isto é em Olhão onde já nada surpreende. E porque não um presidente analfabeto? 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

ALGARVE: DESSALINIZAÇÃO, SIM OU NÃO?

 Depois da chuva dos ultimos tempos, pouco se tem falado de seca. Entretanto foi anunciado a abertura do concurso para a construção da estação de uma dessalinizadora cuja estimativa de custo atinge os 90 milhões de euros, sem as habituais derrapagens.

A agua, seja ela de superficie (barragem) ou subterrânea é publica que é o mesmo que dizer que é de todos e que ninguém tem o direito de dela se apropriar, competindo ao Estado proceder à sua gestão e distribuição.

Em pleno periodo de seca, assistimos a alguns produtores manifestarem-se contra a "auto-estrada" da agua que a levaria de umas regiões para outras, minimizando as carências do sul. Nesta matéria devemos lembrar o principio da solidariedade entre regiões, competindo ao Estado a sua execução, até porque os custos de armazenamento (barragens) dessa agua foi suportado por todos os contribuintes espalhados pelo país.  

Quando se aposta na construção de duas dessalinizadoras, uma para já e outra mais tarde, e tendo em conta o avultado investimento que representam, parece que seria bem mais correcto trazer alguma agua de Alqueva, cujos custos não seriam tão elevados com a construção de mais uma barragem no Sotavento algarvio.

De qualquer das formas, depois da criação de um santuario para espécies piscicolas, construir um dessalinizadora que vai desaguar precisamente junto daquele santuário, parece ridiculo, já que é a própria ONU a alertar para o impacto negativo das descargas delas, como se pode ler em https://tratamentodeagua.com.br/onu-impactos-ambientais-dessalinizacao/.

Aproveitamos para, mais uma vez, alertar para o elevado consumo consumo de agua na agricultura devido  a produções intensivas quando não super intensivas. Este modelo de exploração agricola, pese embora os interesses económicos dos produtores, é susceptivel de no futuro provocar a escassez da agua. Basta olhar para o olival super intensivo ao redor de Alqueva, que era um pomar tradicional de sequeiro e hoje transformado em regadio. E o mesmo vai acontecer com o amendoal.

Da mesma forma que o Estado impôs planos de ordenamento e de urbanização, deve também intervir na regulação da actividade agricola, impondo quadros de densidade que evitem o exagerado consumo de agua, algo que já é feito noutras actividades.

O dinheiro é importante, sem duvida, mas não tão importante quanto a agua, um bem essencial à vida!

 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

FUZETA/ RIA FORMOSA EM RISCO?

 Para quem anda distraído, lembramos que por ano temos dois equinócios, um em Março e outro em Setembro. Durante os equinócios temos as maiores marés do ano, sendo que as do equinócio são potencialmente mais perigosas porque, muitas vezes, se conjugam com períodos de vendaval. É nessa conjugação que normalmente se dão os galgamentos oceânicos, com espraiamento das areias pelo interior da Ria.

Estamos a dias de mais um equinócio e com ele o risco de novo galgamento, tal o estado que a Ilha da Fuzeta apresenta como se pode ver pelas imagens que reproduzimos.




 Como se vê, o cordão dunar perde largura e altura, ficando fragilizado e à mercê de algum vendaval que caso coincida com o preia mar, pode facilmente galgar o cordão dunar e invadir a Ria.

Por outro lado, o molhe oeste da Marina de Vilamoura vai ser prolongado mar adentro, retendo as já poucas areias, não as deixando passar para o lado leste, o movimento tendencial das areias na costa algarvia. 

Há dinheiro para umas coisas mas não há para outras, seja para o alargamento do Porto de Pesca de Quarteira e menos ainda para a, sempre prometida e nunca construída, Barra da Fuzeta.

Recordamos que no tempo da defunta Junta Autónoma dos Portos do Sotavento Algarvio, esta tinha uma draga em regime de permanência com a qual a Ria, as barras e até a costa eram sempre dragadas, mantendo em bom estado de  navegabilidade para a nautica de recreio e pesca.

Mudam-se os tempos e as vontades, sucumbindo aos interesses económicos, preferindo entregar aos privados algo que é da responsabilidade do publico, porque à classe politica não lhes custa. O dinheiro não é deles porque é extorquido ao Povo sob a forma de impostos, taxas e sabe-se lá que mais.

Com a delegação de competências de gestão para as autarquias de areas do dominio publico maritimo sem utilização portuária, será cada vez mais dificil as obras de manutenção do bom estado do cordão dunar das ilhas barreira e da navegabilidade da Ria Formosa.

Vamos aguardar que nada aconteça, mas chamando desde logo a atenção das pessoas para o perigo que espreita e prepara-los para a luta se for caso disso!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Casa Baeta, património de Olhão em risco de ruir! Porque não é este valioso património classificado?

 Em  23 de Outubro de 2014  o blog Olhão Livre publicou um post com este titulo,alertando para o perigo de ruir da Casa Baeta.O texto abaixo tinha sido retirado do site da APOS  e escrito pelo Drº António Paula Brito então presidente da APOS.

"Depois de casa de habitação, uma parte da área desta casa foi alugada à Câmara Municipal de Olhão em 1960 para instalação dos Bombeiros Municipais e em 1989 para a instalação da Galeria Adriano Baptista, Biblioteca Municipal e o Elos Clube de Olhão. Após 2006 o edifício foi entregue aos seus proprietários herdeiros, esperando estoicamente pela sua sorte: demolição, ruína lenta, ou reabilitação…
Chamo a atenção que o edifício só ainda não foi demolido porque a associação APOS elaborou em 2007 uma proposta de classificação patrimonial para a Direção Regional da Cultura (ex-IPPAR). Esta Direção considerou que o edifício só poderia ser classificável num processo municipal pelo que deveria ser a autarquia a apoiá-lo. Infelizmente, a autarquia não só não apoiou como perdeu todos os dossiers de processos municipais em 2009 !!! Ou seja, a autarquia fez desaparecer, voluntariamente ou não, os processos de classificação municipal que foram chegando de outras entidades, nomeadamente o processo da casa Baeta e todos os outros!
A casa Baeta é, como já referi, um símbolo da importância de Olhão na indústria ligada às pescas e na história nacional mas, actualmente, a casa Baeta representa simbolicamente também o que de pior Olhão se transformou na década de 1980 até aos nossos dias. A colocação de portões de alumínio para transformar a casa Baeta num dos espaços “culturais” mais proeminentes da terra, em 1989, é uma metáfora caricata da “política” cultural da autarquia !!! Depois, em 2006, as quatro esferas armilares foram demolidas ilegalmente, com a total conivência da autarquia, numa primeira tentativa de demolir todo o edifício. Desde esse momento, o tempo vai passando sem que a mesma autarquia atue, na esperança hipócrita de que o esquecimento resolva definitivamente o assunto…

 António Paula Brito
2010

 
"Sabemos pelas rede sociais na página de Gomes João,  que os Herdeiros tentaram negociar com a CMOlhão,  para esta adquirir o edficio a troco de um preço simbólico, na condição da CMOlhão restaurar e fazer dela um museu condigno que a riqueza da Casa Baeta,infelizmente a vereação da CMOlhão recusou,tal proposta.Gostávamos de saber o  motivo."Estes textos são do post do post publicado pelo Olhão Livre em 2014. Passado quase 10 anos fomos informados que na página do Facebook Memórias de Olhão apareceu um post de um cidadão holandês a mostrar uma foto da Casa Baeta e a afirmar que queria comprar para restaurar.O mesmo cidadão publicou novo post a informar que a Casa Baeta tinha sido vendida e que era para construir apartamentos.Post esse que segundo nos informaram, teve várias pessoas que se indignaram, perante essa perda de património histórico olhanense. e por obra e arte de magia, o post desapareceu.Será que o post do cidadão holandês, incomodava os DDT em Olhão?
           




domingo, 4 de fevereiro de 2024

ALGARVE: SECA, ROUPA SUJA E AUMENTO DO PREÇO DA AGUA!

 Há cerca de quinze anos que vimos alertando para para o problema da agua e nada se fez. Os ciclos de seca, são cada vez mais e mais graves.

Nos dias de hoje, em matéria de seca, somos confrontados com problemas conjunturais mas também estruturais e estes são da exclusiva responsabilidade da classe politica no poder. 

Usando das palavras do presidente da AMAL, a agricultura consome 70% do total da agua. É evidente que é que é através da agricultura que se faz o ciclo da agua, mas ainda assim deve haver um equilibrio entre a sua disponibilidade e o consumo.

Obviamente que um tal equilibrio provoca um conflito de interesses entre o sector económico, a produção e  o ambiente, com os produtores a intensificar plantações intensivas e com excessivo consumo de agua.

Se pensarmos que as distancias na plantação de arvores é cada vez mais curta, muitas vezes com intervalos de 3 metros entre elas, teremos cerca de 10 m2 por arvore,  ou seja 1000 arvores por ha, enquanto se o fizessem de 5 em 5 metros, teriamos 25m2 por arvores, ou seja 400 arvores por ha, o que baixaria o consumo de agua na agricultura em cerca de 60%, passando então a um consumo de 28% do total de agua.

O modo de produção intensivo, por maior que fosse a disponibilidade de agua, acabaria por redundar na sua escassez por aumentar também as areas de produção intensiva.

Aliás, o próprio presidente da AMAL, em declarações recentes lembrava que o tempo da amendoeira e da alfarrobeira pertenciam ao passado. A amendoeira e a alfarrobeira, como outro tipo de arvores, fazem parte do pomar tradicional de sequeiro cuja adaptação ao regadio fariam disparar ainda mais o consumo de agua.

Cabe aos responsaveis pela agricultura e pelo ambiente estabelecerem regras para o plantio de arvores, impondo uma densidade adequada às disponibilidades da agua se é que querem alguma medida estruturante, capaz de evitar ou minimizar problemas no futuro.

Quando falta a agua de superficie, das barragens, há a tendencia para a proliferação de furos para captaçao de aguas subterraneas, esquecendo que a descida dos lençois freaticos leva a introdução salina e alteração do ph da agua, tornando-a de fraca qualidade para fins agricolas.

Posto isto, mais do que as medidas conjunturais, torna-se necessário a aplicação de medidas estruturantes.

Compreendendo as dificuldades dos produtores, que veem nesta forma de produção a forma de ganhar uns patacos, lembramos que as dificuldades surgem por parte da distribuição, que fixa o preço, às vezes abaixo dos custos de produção, dos prazos de pagamento. Mas quando chegamos à distribuição não temos o direito de ditar o preço. Este é o sistema que temos. Até quando? Quando é que o Estado intervem, fixando um preço minimo, mas acima dos custos de produção?

Os nossos leitores imaginem que são donos de um artigo que querem vender mas que quem compra é que vai fixar o preço!

Fazer recomendações, como o fez a empresa municipal presidida pelo também presidente da AMAL, para as pessoas lavarem a roupa suja à mão ou com recurso a um programa curto de lavagem na máquina para poupar agua, é ridiculo e não vai resolver nada.

Tal como não será o aumento da agua previsto para o mês de Março que chega a atingir os 50%. Esqueceu o presidente da AMAL que dizia que cada pessoa consome em média 130 litros de agua por dia, quase 4 m3 por mês. O que acontecerá às  familias com dois ou três filhos?

A generalidade das pessoas não se apercebem que a medida, tal como muitas outras, se inserem numa forma de ideologia, a dominante, assunto a que voltaremos neste periodo de campanha eleitoral.

Pode acontecer é que apreendam mais este computador, à semelhança do que aconteceu aos anteriores, mas estaremos cá para continuar a luta.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

A questão da água no Algarve

 

https://cnnportugal.iol.pt/videos/falta-de-agua-no-algarve-e-cortes-na-agricultura-a-nao-ser-que-chova-nao-ha-outra-forma-dizem-autarquias/65a8e8610cf265bc9692ab32

Intervenção de António Pina na CNN. Aposta na linguagem pouco clara, na explicação ineficiente e “baralha e volta a dar” para termos a ideia que o que diz é a verdade. E com a verdade me enganas!

As questões de fundo estão por discutir:

- Reduções drásticas de consumo de água na agricultura, que é a base de desenvolvimento do interior algarvio e um incentivo ao mercado local.

- Continuação da aposta no turismo algarvio, mesmo que isso seja “à custa das laranjas”.

- Vantagens/desvantagens da aposta no turismo à custa da destruição das outras actividades produtivas (pesca, agricultura, …)

- Aposta nas culturas mais consumidoras de água (o famoso abacate e outras que os espanhóis não querem lá e que já estão a pensar em indemnizações, quando nem sequer deviam ter sido autorizadas).

- Desperdício de água urbanas, pelas autarquias e outras entidades estatais com responsabilidades nessa área (para além de outras situações, em Olhão temos o despejo de quilolitros de água doce, várias vezes ao dia, no paredão do cais T, água que há décadas vem canalizada das caves do estacionamento do Pingo Doce e ainda os vários escoamentos de água doce dos grandes prédios com caves, quer para a Ria, quer para a rede de saneamento).

- Valorização dos estudos e das boas prácticas existentes no Algarve, que apresentam alternativas, como é o caso do aproveitamento das águas residuais para a agricultura (e que, por não interessar ao negócio, foi posto de lado e considerado muito caro sem fazer contas).

- As águas subterrâneas são privadas? Cito a DGEG.

“Consignadas na legislação portuguesa como recurso geológico, as Águas Minerais Naturais, as Águas Mineroindustriais e as Águas de Nascente estão enquadradas pela Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que estabelece as bases do regime jurídico da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos existentes no território nacional.

As Águas Minerais Naturais e as Águas Mineroindustriais integram-se no domínio público do Estado, enquanto que as Águas de Nascente são objeto de propriedade privada.”

https://www.dgeg.gov.pt/pt/areas-setoriais/geologia/recursos-hidrogeologicos/exploracao-de-aguas-de-nascente/aguas-de-nascente/

- As águas do domínio público do Estado deverão ser privatizadas (Águas de Portugal, sociedades como a AdVRSA – Águas de Vila Real de Santo António)?

Finalizando e abrindo a boca de espanto, parece que Presidente da AMAL e também da CMO, agora mudou o bico ao prego.

Passou da defesa incondicional da dessalinização

https://www.sulinformacao.pt/2022/01/futura-localizacao-da-central-de-dessalinizacao-do-algarve-ja-esta-em-estudo/

https://www.publico.pt/2023/06/08/azul/noticia/dessalinizadora-albufeira-produzir-terco-agua-algarve-precisa-2052664

para uma condenação incondicional da dessalinização

https://www.dn.pt/sociedade/o-pais-tem-de-estudar-a-canalizacao-da-agua-de-norte-para-sul--17579536.html/

O que mudou? Caiu o governo e deixou de fazer parte no negócio? Quer estar de bem com possíveis opositores que venham a deter o poder, a quem se possa “alapar”? O negócio dos milhões para gastar o PRR é agora a canalização de água do Norte para o Sul? (para continuar a gastar em piscinas e campos de golfe)

São só “lamirés” para pensar. As questões que realmente interessam continuam por discutir.

Pode ler ainda:

http://olhaolivre.blogspot.com/2020/09/algarve-agua-falta-ou-excesso-de-consumo.html

http://olhaolivre.blogspot.com/2022/02/algarve-casa-onde-nao-ha-pao-todos.html